Por Robert Harvey, de acordo com o autor Robert Harvey.
Em 2023, houve um aumento recorde no consumo global de combustíveis fósseis e nas emissões de energia, apesar da redução ligeira da proporção de combustíveis fósseis na matriz energética global, de acordo com o relatório estatístico mundial sobre energia divulgado na quinta-feira.
A necessidade em constante expansão de combustíveis fósseis, mesmo com o aumento da utilização de energias renováveis, poderia ser um ponto crucial para a transição em direção a uma redução das emissões de carbono, à medida que as temperaturas globais ultrapassam 1,5°C (2,7°F), o limite que os cientistas apontam como crítico para o agravamento de eventos climáticos extremos, como aumento da temperatura, secas e inundações.
“Romain Debarre, da consultoria Kearney, expressou a esperança de que este relatório possa auxiliar governos, líderes globais e analistas a progredir com uma compreensão clara do desafio que se apresenta.”
No ano passado, ocorreu o primeiro ano completo em que houve desvios significativos da energia russa para outras direções, após a invasão da Ucrânia por Moscou em 2022, e também foi o primeiro ano completo sem restrições importantes devido à pandemia de COVID-19.
O relatório mencionou que o consumo total de energia primária a nível global alcançou um pico de 620 Exajoules (EJ), ao mesmo tempo em que as emissões de CO2 ultrapassaram 40 gigatoneladas pela primeira vez.
“Segundo Simon Virley, da consultoria KPMG, apesar do aumento recorde na contribuição das energias renováveis, a demanda global por energia continuou a crescer, mantendo praticamente inalterada a parcela proveniente de combustíveis fósseis.”
O relatório apontou mudanças nas preferências de combustíveis fósseis em diversas áreas geográficas. Na Europa, por exemplo, a participação de energia proveniente de combustíveis fósseis caiu para menos de 70% pela primeira vez desde a revolução industrial.
Segundo Nick Wayth, do Instituto de Energia, há indícios de que o uso de combustíveis fósseis está alcançando o ápice em economias avançadas, enquanto em economias do Sul Global, o crescimento no uso desses combustíveis ainda é impulsionado pelo desenvolvimento econômico e melhorias na qualidade de vida.
O Instituto de Energia, em colaboração com as consultorias KPMG e Kearney, divulgou o relatório anual a partir de 2023. No ano anterior, assumiram a responsabilidade da BP (NYSE:BP), que vinha produzindo o relatório, um documento de destaque para os especialistas do setor de energia, desde os anos 1950.
De acordo com o relatório, o aumento da demanda na Índia em 2023 foi impulsionado principalmente pelo uso de combustíveis fósseis, e na China houve um aumento de 6% no consumo desse tipo de combustível, atingindo um novo recorde.
No ano passado, a China contribuiu com mais da metade do aumento global na produção de energia proveniente de fontes renováveis.
“É impressionante como a China está incorporando mais fontes de energia renovável do que todos os outros países juntos”, afirmou Virley da KPMG em uma entrevista com jornalistas.
A seguir estão algumas informações importantes do relatório de 2023:
Em 2023, houve um aumento de 2% na demanda global de energia primária, atingindo 620 EJ. O uso de combustíveis fósseis também aumentou, chegando a 505 EJ, o que corresponde a 81,5% da energia global, um aumento em relação ao ano anterior. O consumo de combustíveis fósseis não aumentou em nenhum país europeu em 2023. A geração de eletricidade teve um aumento de 2,5%, um pouco acima do crescimento do ano anterior. A geração de combustíveis renováveis, excluindo a hidroeletricidade, alcançou um novo recorde de 4.748 terawatt-horas (TWh), representando 13% da mistura global de energia, excluindo a hidroeletricidade. A participação das energias renováveis no mix global, incluindo a hidroeletricidade, foi de 15%.
– Em 2023, o consumo de petróleo ultrapassou pela primeira vez os 100 milhões de barris por dia, com um aumento anual de 2%. – O aumento no fornecimento de petróleo foi liderado por produtores não-OPEC+, com os EUA registrando um crescimento de 9% no ano. – A China superou os EUA como o país com maior capacidade de refino em 18,5 milhões de barris por dia, embora sua taxa de utilização de refinarias tenha sido de 82% em comparação com 87% dos EUA. – O consumo global de gasolina atingiu 25 milhões de barris por dia no ano passado, superando os níveis pré-pandêmicos de 2019. – A produção de biocombustíveis aumentou 8% para 2,1 milhões de barris por dia em 2023, impulsionada por ganhos nos EUA e no Brasil. – Estados Unidos, Brasil e Europa representaram 80% do consumo global de biocombustíveis.
Texto: Em 2023, a produção e o consumo mundiais de gás permaneceram estáveis. A oferta de GNL aumentou em quase 2%, atingindo 549 bilhões de metros cúbicos. Os EUA superaram o Qatar como o principal fornecedor global de GNL, com um aumento de 10% na produção. A demanda por gás europeu diminuiu em 7% no mesmo ano. A participação da Rússia no fornecimento de gás para a Europa caiu significativamente, passando de 45% em 2021 para apenas 15% em 2023.
Reformulação: O consumo de carvão atingiu um novo recorde em 2023, alcançando 164 EJ, um aumento de 1,6% em relação ao ano anterior, impulsionado principalmente pela China e Índia. Na Índia, o consumo de carvão superou a Europa e a América do Norte juntas. Enquanto isso, o consumo de carvão nos EUA diminuiu 17% em 2023 e foi reduzido pela metade na última década.
Renováveis: O aumento recorde na produção de energia renovável foi impulsionado pelo crescimento da capacidade eólica e solar, com um aumento de 67% nas adições dessas duas categorias em 2023 em comparação com 2022. Aproximadamente 74% do crescimento líquido na geração global de energia provém de fontes renováveis. Em 2023, a China foi responsável por 55% de toda a geração renovável e representou 63% da nova capacidade global de energia eólica e solar.
Desde o ano passado, as emissões aumentaram 2% para exceder 40 gigatoneladas, mesmo com a diminuição ligeira na proporção de combustíveis fósseis na matriz energética. Isso ocorreu devido ao aumento da intensidade das emissões dentro da categoria de combustíveis fósseis, especialmente pelo aumento no uso de petróleo e carvão, enquanto o gás permaneceu estável. O relatório destaca que as emissões provenientes da energia aumentaram em 50% desde o ano 2000.
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